Cultura de Paz

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A saga de uma empreendedora

Aos 80 anos, Sálua é um símbolo da mulher da SGI

 

O olhar firme e determinado condiz com a sagacidade de sua longevidade. A fala mansa e esfuziante contrasta com suas oito décadas de vida. As mãos inquietas gesticulam sem parar, com força e vivacidade. Elegante e impecavelmente penteada e maquiada, Salua Mezher da Silva é a imagem viva da mulher empreendedora. Sem denotar qualquer resquício de soberba, a imponência da postura se impõe com graça e completa humildade. Ela nos conduz pelos diversos departamentos, cumprimentando cada colaborador com igual simpatia e carinho. “Fulano é um grande administrador (..), sicrano é a alma deste setor (..), beltrano me mantém informada...”, introduz, “estas são minhas amigas e vieram me entrevistar!”, diz finalmente sobre a nossa presença. Cada pessoa apresentada é um bem precioso à empresa, é o que Salua deixa claro a todo momento. O humanismo que abraçou há quase 30 anos é parte de seu cotidiano, à medida que o incorpora em todos os setores de sua vida. À frente de sua empresa – indústria de ventiladores – a mulher sorri ao ser interpelada sobre os desafios de tão importante cargo. “É meu trabalho!”, responde com simplicidade.

“Eu era uma mulher muito infeliz”, inicia sobre a vida antes de associar-se à BSGI. Vivia a angústia de um casamento em seus extertores e não enxergava qualquer possibilidade de mudança no horizonte. “Uma amiga me convidou para uma reunião”, relata. “Sou teimosa, por isso demorei um pouco para decidir ir”, confessa. Quando finalmente foi, sentiu que encontrara seu caminho. Daí em diante não parou mais. “Alguma coisa tocou meu coração, senti que me iluminei e abracei a BSGI como todo o meu coração”, ressalta.

Salua orgulha-se de ter suplantado todas as dificuldades. “Minha vida mudou completamente!”, enfatiza. O marido, antes cético e distante, passou a acompanhá-la. Embora não tenha mudado a natureza retraída do cônjuge, percebeu que sua postura perante a vida transformara-se. Tornou-se mais afável e compreensivo, ou seja, por meio da prática da filosofia humanística, Salua obteve o tão sonhado companheiro e amigo. “Isso não tem preço...”, filosofa. 

Engajou-se no movimento de propagação e, ao longo dessas três décadas em que é associada, levou cerca de 50 pessoas a se tornarem ativas e entusiastas participantes das atividades da BSGI. Sempre possuiu um padrão de vida acima da média, mas isso nunca a satisfez. Sabia que a vida tinha de ter mais que isso. A vida precisava ser alimentada por uma filosofia correta que levasse as pessoas a perceberem o que realmente era importante. E encontrou tudo isso na BSGI. “Quando eu conheci a filosofia humanística do budismo Nitiren, quis fazer tudo para que o mundo conhecesse também, pois sabia e sei que era o caminho para a felicidade absoluta!”, entusiasma-se.

Formou-se em Direito e Pedagogia. Porém, em seu coração, é a Educação que sempre a emocionou e encantou. Por isso abraçou com paixão os projetos da Coordenadoria Educacional, sendo uma de suas pioneiras. O talento empreendedor levou-a a percorrer toda a cidade de São Paulo – e algumas do interior – para divulgar os projetos. Não havia tarefa penosa ou difícil, de preparar materiais a dirigir os veículos de transporte, passando pela faxina dos locais ou a realização de palestras. Quaisquer que fossem as ações, Salua jamais se furtou a empreendê-las. “Era preciso fazer, então eu fazia o que fosse preciso!”, conta com orgulho. O entusiasmo com que descreve suas atividades é impactante e contagiante. “Trabalho muito importante da Coordenadoria Educacional. A História um dia vai provar o quanto esse pioneirismo mudou os rumos da Educação no Brasil”, ressalta.

Salua foi professora e chegou a diretora de escola, por isso conhece profundamente os dilemas pelos quais passa o sistema educacional brasileiro. A partir de sua participação, viu determinadas realidades adversas serem radicalmente transformadas para o bem. “Quando a gente vê uma criança descobrir o prazer de aprender, a gente sabe que ela nunca mais vai deixar de buscar o conhecimento”, volta a entusiasmar-se. 

A idealista sempre existiu e sua busca por caminhos para realizar seus ideais levou-a até mesmo à seara da política. Nas eleições de 1982, a diretora de escola candidatou-se para deputada federal e obteve 17 mil votos. Não se elegeu mas seus horizontes se abriram e, em 1983, estava pronta para abraçar a causa do humanismo da BSGI. “Tudo foi sendo um aprendizado na minha vida”, justifica.

Hoje, no alto de seus 80 anos, Salua é uma vitoriosa, um exemplo da mulher empreendedora que soube utilizar suas virtudes em prol de um caminho que não apenas a conduz à paz e harmonia, mas leva outras inúmeras pessoas pelo mesmo caminho. Com generosidade, humildade e paciência, a empresária e educadora mantém-se na trilha que o filósofo, poeta e pacifista Daisaku Ikeda lhe ensinou:

 

Quando não há desafio, não se rompem limites e tendemos a permanecer na mesma condição. Para muitos, talvez, não haveria problema permanecer da mesma maneira — pode ser até que esteja bem assim.
Porém, não avançar é o mesmo que retroceder.
Se continuar fazendo o que sempre fez, continuará obtendo o que sempre obteve. O espírito ensinado no budismo é o de sempre avançar, independentemente das circunstâncias. Viver é avançar, progredir sempre 

 

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