Cultura de Paz

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A pedagogia da felicidade de Rita

“Vocês parecem tão felizes!”, exclamou Rita ao casal. Ela vivia uma relação intolerável com um namorado ciumento, controlador, inseguro ao extremo. Rita vivia em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Após a separação decidira permanecer na capital potiguar e tentar refazer sua vida. O namoro aconteceu nesse momento. Rita Ribeiro Voss é uma batalhadora e uma vencedora. Quem a conhece hoje não tem ideia do que viveu e tudo o que precisou vencer. Sua vida é uma sucessão de lutas e vitórias avassaladoras.

Foi após um espetáculo musical que sua vida começou a mudar. O casal, alvo da exclamação do início deste texto, eram parte do show. Ela era a cantora do grupo, de origem italiana e ele o guitarrista e brasileiro. “Somos associados da Soka Gakkai Internacional – SGI”, disseram à Rita. Curiosa, perguntou mais e foi convidada a participar de um encontro no apartamento do casal. “Eu fui e me senti muito bem”, conta.

Motivada e disposta a mudar sua vida, iniciou o estudo e a prática da filosofia humanista, base de todas as ações da SGI. “Havia uma tranqüilidade no ar, uma empatia muito grande tomou conta de mim e decidi pagar pra ver”, ressaltou.

Por meio de seu empenho, a relação desgastante naturalmente chegou ao fim e com ela aquele ciclo de vida em Natal. Teve que voltar a São Paulo devido a um incidente financeiro causado pelo ex-marido e que envolvia seu nome, já que eram sócios. “Num instante eu me vi com uma dívida monumental sem que tivesse feito nada!”, desabafa. Em meio a desespero, lembrou-se do que lhe recomendaram seus amigos em Natal e ligou para a BSGI.

Na mesma tarde duas mulheres, munidas de revistas e folders com propostas de paz de Daisaku Ikeda, chegaram à sua casa. Rita já era graduada em Ciências Sociais na PUC-SP e pós-graduada em Ciências Políticas na Unicamp e queria cursar o mestrado. Como acadêmica, tinha grande interesse pela área educacional. Em uma das revistas havia uma matéria sobre a Universidade Soka da América. “Na hora senti um desejo imenso de lecionar em uma futura Universidade Soka do Brasil”, exclamou, “e eu nem era associada ainda...!”. As propostas de paz calaram fundo em sua alma idealista. “Quem realmente me convenceu a me associar à SGI-BSGI foi o presidente Ikeda”, afirmou.

Algum tempo depois, mesmo em meio a muitas dificuldades financeiras, decidiu tentar o mestrado em Natal, por intermédio de um professor que conhecera. Por meio de seu empenho nas atividades na BSGI conseguiu uma bolsa de estudos e lá se foi para sua segunda estadia em Natal. Foi morar em um lugar paradisíaco, mas muito pobre, a Vila de Ponta Negra, cuja praia é local turístico bastante conhecido. “Eu me sentia tão grata que decidi que faria surgir uma comunidade ali naquele local tão necessitado”. Era o ano de 2000.

Nos três anos seguintes, Rita cursou o mestrado e empenhou-se para cumprir sua promessa. Visitou pessoas, realizou encontros, palestras, rodas de conversa, festas e eventos.

E, em 2003, mal terminara o mestrado, conseguiu ingresso no doutorado em Educação, cujo tema da tese foi o Sistema Educacional do professor Tsunessaburo Makiguti. E, junto a essa conquista pessoal, foi fundada a comunidade Vila, com dois blocos, tal como ela havia determinado. “O doutorado era o meu desejo desde que li aquela revista sobre a Universidade Soka”, explica. Naquela ocasião, a curiosidade levou-a ao aprofundamento nas ideias de Makiguti. Sua tese resultou no livro A Pedagogia da Felicidade de Makiguti, lançado em janeiro deste ano.

De volta a São Paulo em 2006, ingressou como docente em uma faculdade particular. Sua vida era outra agora. Tinha um bom salário e desfrutava de relativo conforto. “Mas eu me sentia só. Acalentava um amor...”, explica. Incentivada por amigos, inscreveu-se em um site de relacionamentos internacional. “Qual não foi a minha surpresa quando, na mesma semana, me escreve um alemão!”, diz eufórica. Em pouquíssimo tempo, o rapaz veio ao Brasil e ela foi à Alemanha. Apaixonaram-se e o casamento aconteceu a seguir.

Porém, as incógnitas da vida surgem quando menos se espera. Com apenas um ano de união deparou-se com o diagnóstico de câncer de mama. Corria ano de 2009. Há anos Rita não se preocupara com convênio médico e, mais uma vez, a energia do bem protegeu-a: seu marido, sem hesitação, arcou com todas as despesas. Percebeu que a vida estava lhe mostrando uma nova oportunidade de aprendizado e desafiou as circunstâncias mais uma vez: encarou a mastectomia total com coragem. Graças ao seu empenho e abnegada dedicação em prol do crescimento e desenvolvimento de seus companheiros e da organização local, teve indicação de um médico cuja técnica revolucionária possibilitou-lhe uma recuperação rápida e sem perda de movimentos do braço. “Logo após a cirurgia, já conseguia por o braço para cima! Além do que, eu estava viva!!!! Viva para empreender muito mais coisas”, conta eufórica.

Durante o tratamento com a quimioterapia, Rita ingressou na academia mais uma vez, agora para cursar o pós-doutorado. “Eu sabia que tinha muito mais coisas a fazer e uma delas era o pós-doc, cuja tese abordaria a teoria budista dos três mil mundos em um instante momentâneo de vida, aplicado à assimilação do conhecimento”, explica. Escreveu um artigo que foi publicado em um site internacional de textos científitcos (http://www.metanexus.net/archive/conference2009/abstract/default-id=10854.aspx.html) intitulado: Itinem Sanzen – uma contribuição às teorias da cognição, e que teve grande repercussão nos meios acadêmicos.

“A partir de da teoria dos três mil mundos, eu construí uma narrativa sobre o conhecimento. De que maneira o conhecimento oriental pode orientar a solução dos problemas ocidentais”, torna a explicar. O resultado deste estudo inédito e inovador sai em livro em julho deste ano. “Tudo o que obtive nesta vida é fruto de minha dedicação à causa da paz, tendo como meio as atividades a BSGI”, finaliza uma feliz e vitoriosa Rita.

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